Quase quatro meses após a prisão de 26 pessoas na Operação Nepsis, no dia 20 de setembro de 2018, os detalhes da investigação sobre a máfia do cigarro que age na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai continuam sob sigilo da justiça.
Até agora, “vazaram” apenas trechos da denúncia do MPF (Ministério Público Federal) e da decisão judicial que determinou a prisão dos acusados.
A quadrilha comandada por quatro “patrões” do contrabando de cigarro tinha apoio de policiais civis, policiais militares e de policiais rodoviários federais, chamados pelos membros da quadrilha por codinomes engraçados, como “Saia”, “Fumante” e “Véio”.
Mais um trecho da investigação foi revelado, detalhando a atuação de seis policiais rodoviários federais, cooptados pela quadrilha para facilitar a passagem das cargas de cigarro paraguaio.
Eles trabalhavam na BR-267, no trecho entre o distrito de Casa Verde em Nova Andradina e Bataguassu. A estrada é a principal rota do contrabando que sai do Paraguai com destino a São Paulo.
Escutas telefônicas feitas pela PF durante as investigações mostram gerentes, motoristas e olheiros da quadrilha falando sobre os policiais do esquema. Os bandidos escolhiam o dia em que os PRFs corruptos estavam de serviço para mandar os carregamentos.
Os seis policiais – Flávia Kenia Carvalho Miranda, Hercules Washington Alves de Moraes Godinho, Marcelo Guilherme Valera, Waldemir Menezes Dantas, Marcio da Silva Martins e Valdeci Thomazini foram presos temporariamente, ao contrário dos demais investigados, que estão até agora atrás das grades, inclusive três chefes da quadrilha.
Conforme a denúncia do MPF, os policiais rodoviários federais atuavam para facilitar a passagem de cargas de cigarros, se omitindo na fiscalização ou atuando no repasse de informações para a quadrilha e na liberação de carregamentos mediante recompensa em dinheiro.