Campo Grande tem o quarto melhor saneamento básico entre as 27 capitais do país. É o que aponta o ranking 2018 do Instituto Trata Brasil, uma organização da sociedade civil de interesse público, formada por empresas com interesse nos avanços no saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país. A classificação foi feita com base em dados de 2016, os mais recentes, do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), do Ministério das Cidades.
De acordo com o Trata Brasil, à frente da capital sul-mato-grossense estão somente as cidades de: Curitiba (PR), São Paulo (SP) e Goiânia (GO). No ranking geral, que engloba todos os municípios brasileiros, Campo Grande ficou na 26ª posição. Entre as variáveis utilizadas pela entidade para elaborar a listagem estão informações sobre: população, fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, investimentos e perdas de água.
Um dos indicadores em que a capital sul-mato-grossense obteve o melhor desempenho foi no atendimento total de água. Fora as quatro capitais que universalizaram o serviço, atingindo 100%: Curitiba, Porto Alegre, João Pessoa e Florianópolis, o índice de Campo Grande foi o mais alto, 99,82%.
Outra variável com bom resultado é a do atendimento total de esgoto, com 77,84%, o décimo melhor entre as capitais. Entretanto, quando o Trata Brasil analisa a evolução da cobertura do serviço em um intervalo de quatro anos, entre 2012 e 2016, a Campo Grande aparece com um crescimento de 9,42 pontos percentuais. A concessionária responsável pelo serviço na cidade, a Águas Guariroba, aponta que em 2018, o percentual atingiu um patamar ainda maior, ultrapassando a marca dos 80%.
Em investimentos, contabilizando os últimos cinco anos até 2016, a entidade destaca que Campo Grande registrou o nono maior entre as capitais, com o acumulado de R$ 647,95 milhões. Entretanto, quando esse volume de recursos é dividido pelo número de habitantes a média anual, R$ 149,99 é a sétima mais alta.
No entanto, é no quesito referente a perdas na distribuição de água que Campo Grande registrou seu melhor desempenho entre todos os indicadores. Com 19,42% foi o segundo menor entre as capitais brasileiras em 2016. Perdeu apenas para Palmas (TO), que contabilizou 13,05%.
O presidente do Instituto Trata Brasil, Edson Carlos, credita esse desempenho da capital de Mato Grosso do Sul a uma série de fatores e ressalta principalmente a evolução no fornecimento de água, redução de perdas na distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto na cidade.
“Campo Grande está próxima da universalização no fornecimento de água. Com vários programas conseguiu reduzir muito as perdas e avançou bastante na coleta e tratamento de esgoto. Isso foi atingido graças aos investimentos feitos e ao comprometimento da concessionária e do Poder Púbico”, ressaltou.
Edson Carlos aponta que o fato dos serviços serem geridos por uma empresa privada, por meio de uma concessão, também favoreceu os investimentos e, consequentemente a melhoria dos indicadores, já que iniciativa privada tem uma facilidade maior que uma instituição pública de buscar recursos para a execução de projetos. “A grande locomotiva do setor são os recursos federais. Em um momento de crise, como o que passamos, os recursos ficaram mais escassos. As empresas públicas são mais dependentes do governo federal. As privadas têm mais condições de angariar os recursos que precisam no mercado e até fora do país”, ressalta.
Busca pela universalização dos serviços
No que se refere ao abastecimento de água, a coordenadora de operações da Águas Guariroba, Francis Moreira Faustino Yamamoto, destaca que a concessionária fez grandes investimentos para atingir a quase universalização do serviço. “Temos 3.980 quilômetros de rede implantados em Campo Grande. O que está faltando atender é algum bairro mais longínquo ou um morador que ainda não solicitou a ligação, além de algumas propriedades na região das chácaras dos Poderes, por isso, consideramos o serviço praticamente universalizado na cidade”.
Já o gerente de Operações da empresa, Felipe Poli Romero, lembra que a concessionária fez grandes investimentos para montar a infraestrutura para atender a população e que agora está fazendo a gestão destes ativos para garantir que não vai faltar água. Esse trabalho, conforme ele, conta com várias ferramentas importantes.
Uma das principais é o software israelense Takadu, que é utilizando no Centro de Controle Operacional (CCO), e possibilita um controle 24 horas por dia da rede. O programa visa detectar, em tempo real, qualquer não conformidade na operação, como quedas de pressão, pressão elevada, possíveis vazamentos e locais que estejam com desabastecimento.
“Esse software tem sensores de rede. Tem padrões e quando identifica alguma coisa que foge do padrão, atuamos no local. Ele é o monitor da nossa rede”, ressalta, completando que essas informações subsidiam o trabalho das equipes de campo, como as que operam com o geofonamento.
“Esse é um trabalho feito por técnicos que utilizam o geofone, um aparelho semelhante a um estetoscópio de médico. Todas as noites, as duas equipes que temos, caminham mais de dez quilômetros ouvindo o som do fluxo de água na rede de distribuição em busca de vazamentos”, relata. Quando um vazamento é detectado, o local é sinalizado e uma outra equipe, a de manutenção, vai até o ponto indicado e faz o reparo na tubulação.
Graças a essas e outras iniciativas adotadas pela empresa como: troca de hidrômetros, capacitação para as equipes que fazem os reparos, a instalação e automação de válvulas redutoras, de pontos de controle de pressão e de registros elétricos.
O índice de perdas que em 2006 era de 56%, caiu para 19,42% em 2016, segundo dados do SNIS. Neste intervalo de tempo a empresa investiu mais de R$ 75 milhões no Programa de Redução de Perdas (PRP).