Cientistas brasileiros desenvolvem molécula para tratar insuficiência cardíaca

A 'Samba' foi desenvolvida por pesquisadores da USP nos últimos dez anos

19 JAN 2019Por G108h00

A 'Samba' foi desenvolvida por pesquisadores da USP nos últimos dez anos, e o teste em ratos se mostrou promissor para ajudar pacientes que sofrem da doença. Estudo foi publicado na revista 'Nature Communications'.

Pesquisadores da USP desenvolveram uma molécula que pode melhorar o tratamento de insuficiência cardíaca — problema que atinge pessoas que tiveram um infarto, doença de Chagas ou até hipertensão. A pesquisa, resultado de dez anos de estudos, foi publicada nesta sexta (18) na revista "Nature Communications".

Batizada de "Samba", sigla para 'Selective Antagonist of Mitofusin 1 and Beta2-PKC Association', a molécula criada pelos cientistas foi testada em ratos. Segundo o coordenador do estudo, o professor Julio Cesar Batista Ferreira, da USP, ela foi capaz de melhorar o problema no coração dos animais ao impedir a ligação entre duas proteínas que existem nas células do órgão.

Quando elas se juntam, explica Ferreira, essas duas proteínas danificam o "motor" das células do coração — a mitocôndria. Isso faz com que o órgão perca a capacidade de contrair e relaxar: daí surge a insuficiência cardíaca.

Para entender o que acontece em um coração doente, os cientistas examinaram corações descartados de pacientes que tinham recebido um transplante do órgão. A partir dali, descobriram que, em pessoas que tinham desenvolvido o problema, havia essa ligação entre as proteínas.

Com o resultado promissor da aplicação da Samba nos ratinhos, a molécula pode ser, no futuro, uma possibilidade de tratamento para a insuficiência cardíaca em humanos, mas ainda serão necessários mais testes. Segundo Ferreira, os tratamentos atuais para a insuficiência cardíaca, apesar de ajudarem o paciente, não garantem uma boa qualidade ou expectativa de vida. A Samba representa uma possibilidade de efeito adicional ao que já existe hoje, diz.

Os cientistas já solicitaram a patente da molécula e a aplicação dela nos Estados Unidos. Além da equipe da USP, o estudo também teve a participação de pesquisadores da universidade de Stanford e de Case Western, nos EUA.

 

Deixe seu Comentário