Deputados lamentam fechamento de escola e pedem que secretaria reveja decisão

20 NOV 2019Por Fernanda Kintschner11h21

Os parlamentares por Mato Grosso do Sul discursaram durante a sessão ordinária desta quarta-feira (20) contra o fechamento da Escola Estadual Professor Carlos Henrique Schrader, anunciada ontem ao corpo docente e diretoria, que estiveram presentes hoje na Assembleia Legislativa para pedir apoio para reverter a decisão do Governo do Estado.

A escola fica localizada no bairro Flamboyant e também atende aos jovens dos bairros Tiradentes, Dalva de Oliveira e a aldeia urbana Marçal de Souza. Como presidente da Comissão de Desenvolvimento Agrário, Assuntos Indígenas e Quilombolas, o deputado Neno Razuk (PTB) subiu à tribuna.

“É grave a informação do fechamento de uma escola que atende alunos indígenas. Lá eles se sentem acolhidos, agora terão que buscar outro lugar, mais longe, terão desgaste com logística e quem sabe vai ampliar a evasão escolar, que hoje é só de 3%”, afirmou o deputado, que disse que foi procurado pela comissão escolar.

Neno ressaltou mais dados. “Hoje o índice de aprovação é de 92%, com Ideb de 4.4. Ganharam inúmeras medalhas na Olimpíada Nacional de Matemática, outra na Internacional de Matemática, prêmio em robótica. Ou seja, vai mexer no que é bom? Essa escola não pode ser fechada com tantos índices favoráveis”, ressaltou.

Outros deputados se somaram à causa. “Acompanhei a criação dessa escola. Uma pena a Secretaria de Educação mandar fechar sem um diálogo com a comunidade escolar, para tomar uma decisão séria como essa. Chega a cortar o coração. Equipe muito boa de professores e coordenação pedagógica”, lamentou Pedro Kemp (PT).

Evander Vendramini (PP) também falou. “Sentimos que a escola sensibilizou os senhores deputados e deve sensibilizar a Secretaria de Educação, pois há tantas escolas que não funcionam bem e a que funciona bem é fechada? Há uma indignação muito grande por ser uma escola próxima a comunidades tradicionais, tem acessibilidade a eles. Contem com nosso apoio”, disse o deputado.

Para Cabo Almi (PT) é preciso se preparar para o pior. “Quero dizer para que vocês se preparem para uma grande batalha, quanto ao pleito de vocês. Estamos vendo várias escolas fechando nesse Estado. Vimos movimentos contra o fechamento, mas que não conseguiram sensibilizar o Poder Executivo. Esse Governo tem se mostrado irredutível do ponto de vista da mudança que ele deseja. Infelizmente não depende dos deputados estaduais, mas vamos tentar intermediar uma conversa”, ponderou.

O líder do Governo na Assembleia Legislativa, deputado Barbosinha (DEM) também falou em aparte. “Ontem mesmo recebi mensagem da escola e já encaminhamos para a Secretaria de Educação reavaliar. Levamos a preocupação com o fechamento e esperamos que tenham um tratamento com respeito pela história dessa escola”, destacou.

No plenário, alunos, professores e membros da comunidade indígena trouxeram cartazes de protesto contra a medida. A diretora da escola, Vanessa Galvão, disse que o motivo apresentado foi que a decisão visa a restruturação das escolas estaduais. “Temos somente oito salas de aula, a despesa não é tanta. Temos alunos especiais. Somos a única da região inserida no Programa Novo Ensino Médio, recebe verba do MEC, temos aulas inovadoras, todos os esportes no contra turno, o sexto tempo, grande aprovação no vestibular”, argumentou.

O cacique da aldeia urbana Marçal de Souza, Josias Jordão, também pediu apoio dos deputados em fala para a TV Assembleia. “Na região temos outra escola indígena que é municipal, mas atende somente até o 5º ano. Para os alunos acima disso a Carlos Henrique Schrader é a única e 43% dos alunos que estão nela são indígenas. É como uma segunda casa para eles. Fomos pegos de surpresa”, lamentou o cacique. Os deputados estaduais enviaram requerimentos para a Secretaria de Educação.

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