Orgulho Crespo: MS reforça consciência pela afirmação racial

Projeto de Amarildo Cruz institui o 7 de novembro como data simbólica contra o racismo

18 ABR 2018Por Rádio Jota FM/Edson Moraes16h15

Ao exemplo de outras unidades da Federação, Mato Grosso do Sul está reforçando a agenda do simbolismo social e da mobilização popular para promover a consciência em defesa da igualdade racial. A Assembleia Legislativa aprovou, por unanimidade, projeto de lei do deputado petista Amarildo Cruz instituindo o Dia Estadual do Orgulho Crespo.

Já aprovado em primeira votação pelos deputados estaduais, o projeto vai à segunda votação em no máximo três semanas. Depois, mantida a aprovação, será submetido à deliberação do Poder Executivo, cujo titular, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), poderá sancionar ou vetar. Se for sancionado, entrará em vigor logo após sua publicação no Diário Oficial.

A proposta de Amarildo Cruz cria o Dia Estadual do Orgulho Crespo. Seu marco oficial no calendário será todo dia sete de novembro. A data foi escolhida para homenagear a adolescente Karina Saifer de Oliveira, de Nova Andradina. Ela tinha 15 anos e tirou a própria vida num período em que sofria humilhações (bullying) na escola por causa dos seus cabelos.

INDIGNAÇÃO – Para Amarildo Cruz, fatos assim não podem mais ser aceitos como se fossem corriqueiros. A indignação, sugere, precisa avivar e mobilizar as pessoas para afirmar os princípios básicos dos direitos humanos, da igualdade racial e da convivência civilizada.

"Não podemos aceitar que no século XXI, pessoas sejam perseguidas, discriminadas ou ridicularizadas por causa da cor da sua pele, pelo tipo do seu cabelo ou pelo seu estereótipo”, protestou, antes de salientar o objetivo do seu projeto: “É preciso pautar politicamente e sensibilizar a sociedade sobre de que forma a negação do cabelo crespo está associada ao racismo e à discriminação".

A valorização da estética negra – continuou Amarildo Cruz - é um ato de resistência aos padrões eurocêntricos, impostos ao povo negro, ampla e historicamente difundidos pela mídia e pela publicidade. "É necessário quebrar o tabu de que existe um padrão de beleza. Que os cabelos crespos sejam símbolo de luta e estimulem a articulação de outras pautas que visem corrigir as desigualdades do Brasil, sobretudo, as injustiças cometidas contra as pessoas negras e contra as mulheres", incentivou.

CENÁRIO DE EXCLUSÃO - O censo mais recente do IBGE ( Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) aponta: quase metade da população feminina no Brasil é preta ou parda (49,5%) . De acordo com o atlas da violência de 2017, do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), o número de mulheres negras vítimas de mortes por agressão passou de 54,8% em 2005 para 65,3%.

Em 2017, os registros da violência feminicida no Brasil revelaram que 65% das mulheres assassinadas eram negras. Também no Mapa da Violência de 2015 é demonstrado que a quantidade de assassinatos de mulheres brancas caiu, enquanto jos homicídios de mulheres negras aumentaram em 54,2%, passando de 1.864 em 2003, para 2.875 vítimas em 2013.

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