Votação de reforma em MS deixou sequelas políticas

Ação policial, ausência de aliados e críticas preocupam Governo

29 NOV 2017Por Rádio Jota FM/Edson Moraes01h17

O conturbado processo que desaguou na aprovação das mudanças na previdência publica em Mato Grosso do Sul está gerando desdobramentos políticos que fatalmente vão influir no tabuleiro das eleições de 2018. 

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB) conseguiu uma vitória muito importante, mas ganhou também razões de sobra para se preocupar, especialmente por conta do placar apertado (teve apenas 13 votos, quando contava com um mínimo de 18 dentro de seu bloco de sustentação) e ainda viu as cenas em que as tropas de choque da Polícia Militar, cercando a Assembleia Legislativa, tiveram que usar de força e utilizar bombas de efeito moral contra os servidores que manifestavam contra o projeto do Executivo.

O secretário de Governo e Gestão Estratégica, Eduardo Riedel, está avaliando com o governador as implicações de tudo isso, especialmente as ausências e os votos contrários de seis deputados que, em princípio, deveriam estar fazendo parte do bloco governista e ajudando a aprovar as mensagens de interesse da Governadoria. Votaram contra o aumento da alíquota previdenciária os “aliados” Lídio Lopes PEN), Coronel David (PSC) e o menos fiel dos três, Paulo Siufi (PMDB). E outros três se fizeram ausentes: Grazielly Machado (PR) e os neo-tucanos Felipe Orro e Maurício Picarelli.

AYACHE CONDENOU – A ação da Polícia Militar contra os manifestantes tem sido objeto de muitas críticas, parte delas protagonizada por expressivas personagens políticas de Oposição e até de partidos que teoricamente estariam bem próximos de um casamento com o PSDB. É o caso do presidente da Caixa de Assistência dos Servidores (Cassems), Ricardo Ayache. Ele seria um dos alvos mais cobiçados para alianças na sucessão estadual e encabeça a fila de lideranças adequadas para fortalecer a eventual intenção de Azambuja em buscar a reeleição.

No entanto, Ayache deixou de lado sua habitual discrição e, com um discurso de equidistância, não poupou reparos à ação policial, debitando-a na responsabilidade do governo. Em nota publicada nas mídias sociais, Ayache se solidarizou aos manifestantes e classificou de “lamentável opressão” o uso de força pela PM:

“Nossa solidariedade aos servidores públicos do Estado diante da lamentável opressão que estão sofrendo hoje na Assembleia Legislativa MS. O diálogo entre Governo, Poder Legislativo e servidores públicos poderia levar a uma solução melhor e pacífica para a questão da previdência”, enfatizou.

Respeitadas as circunstâncias que desafiam a lógica, ainda assim esta declaração pode ter sido um sinalizador antecipado de Ayache em direção à independência política no ano da disputa eleitoral. Ele é relacionado entre as principais alternativas para concorrer a cargos majoritários (governador, vice-governador e senador).

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