No segundo semestre deste ano, um marco histórico se estabelecerá na Justiça do Trabalho brasileira com a posse de Márcio Aparecido da Cruz Germano como o primeiro juiz cego de 1º instância. Márcio, de 44 anos e natural de Maringá, Paraná, traz consigo não apenas uma vasta experiência como servidor do Judiciário desde 2005, mas também uma trajetória de superação e determinação.
Márcio perdeu progressivamente sua visão entre os 4 e os 8 anos de idade, devido a erros médicos sucessivos, um desafio que não o impediu de seguir seus sonhos. Servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região desde 2011, Márcio encontrou inspiração no desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, primeiro magistrado cego da Justiça do Trabalho, para seguir a carreira na magistratura.
Sua jornada até a aprovação no recente Concurso Público Nacional Unificado para ingresso na Magistratura do Trabalho foi marcada por desafios de acessibilidade. Inicialmente, enfrentou dificuldades com a falta de material didático adaptado, dependendo da ajuda de amigos para digitalizar materiais e acessar conteúdos essenciais para seus estudos.
Com a evolução da tecnologia e o aumento da disponibilidade de materiais acessíveis, Márcio pôde intensificar seus estudos de forma independente, preparando-se com afinco para cada fase do concurso. Sua participação na prova oral foi especialmente significativa, pois pela primeira vez pôde competir em igualdade de condições, sem as barreiras tecnológicas que antes limitavam sua participação.
Márcio destaca a importância da representatividade na magistratura e seu compromisso em promover a justiça de forma acessível e inclusiva. Sua experiência como servidor do TRT-9, redigindo minutas de votos e lidando com casos complexos, fortaleceu sua determinação em fazer a diferença nas vidas das pessoas, especialmente aquelas mais vulneráveis.
Com sua posse iminente, Márcio Cruz se prepara para um novo capítulo em sua carreira, comprometido em distribuir justiça com equidade e respeito. Sua história não apenas inspira, mas também destaca a importância contínua da acessibilidade e da inclusão no sistema judiciário brasileiro.
Márcio Cruz representa não apenas uma conquista pessoal, mas um passo significativo rumo a uma justiça mais inclusiva e representativa no Brasil.