Quem é o verdadeiro vilão do meio ambiente: o agronegócio ou a sociedade?

No podcast "Campo em Prosa", especialistas debatem se o agronegócio brasileiro é vilão ou aliado do meio ambiente.

15 OUT 2024Por Assessoria 08h18

No podcast "Campo em Prosa", um grupo de especialistas se reuniu para discutir um tema espinhoso e muito atual: afinal, o agronegócio brasileiro é o vilão do meio ambiente ou seu aliado? De um lado, temos Lucas Galvan, do Senar/MS, e Marcelo Bertoni, da Famasul, representando o setor agro. Do outro, Artur Falcette, secretário-executivo de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul, e Renato Roscoe, do Instituto Taquari Vivo, trazendo a visão da preservação ambiental. O debate é sobre responsabilidade: quem cuida da natureza e o que a sociedade realmente faz por isso?

O que não vemos, não existe? Um dos pontos levantados no episódio é que, para a maioria da população, a preocupação com o meio ambiente só aparece quando algo afeta diretamente o cotidiano. Renato Roscoe usou o exemplo do "lixo invisível": o lixo que jogamos fora desaparece no dia seguinte, como mágica, e, com isso, a preocupação também. Ele destaca que o lixo é a terceira maior fonte de emissões de gases de efeito estufa em Mato Grosso do Sul, algo que a maioria das pessoas nem imagina. A crítica é clara: é fácil culpar o agronegócio pelas questões ambientais quando muitos não olham para os impactos que causam dentro de casa.

O produtor rural faz sua parte? Uma das defesas mais fortes do lado do agronegócio vem de Marcelo Bertoni, que lembra que os produtores rurais brasileiros são obrigados por lei a manter reservas naturais em suas propriedades. Isso significa que, além de produzir, eles também precisam preservar parte significativa de suas terras, algo que, segundo ele, não é reconhecido pela sociedade. Enquanto isso, rios poluídos e o lixo das cidades são problemas que não recebem o mesmo destaque e cobrança.

Lucas Galvan reforça que o agronegócio tem investido cada vez mais em tecnologias e práticas sustentáveis. Ele menciona programas como o Novilho Precoce, que incentiva uma pecuária mais eficiente e com menor impacto ambiental. Há, segundo ele, um esforço contínuo dos produtores para manter um equilíbrio entre produção e preservação, mas a sociedade também precisa fazer sua parte.

Todo mundo tem uma parte de culpa - Artur Falcette, falando pelo lado da preservação, destaca que não existe atividade humana sem impacto ambiental. A questão é como equilibrar os ganhos e as perdas. Para ele, o papel do Estado é ajudar a mediar esse equilíbrio, garantindo que as atividades econômicas tragam desenvolvimento sem comprometer o meio ambiente. Mas ele reforça que essa balança não é apenas responsabilidade do agronegócio ou do governo — cada pessoa tem um papel a cumprir, desde a coleta seletiva do lixo em casa até o consumo consciente no dia a dia.

Não dá para fugir do impacto - Uma das conclusões mais curiosas da conversa vem de uma reflexão de Renato Roscoe: todos nós, desde o momento em que nascemos, deixamos um impacto no meio ambiente. Usamos fraldas (de pano ou descartáveis), consumimos água, energia, e produzimos resíduos. Não há como escapar disso. A questão é: como podemos minimizar esse impacto e fazer escolhas mais conscientes, tanto no campo quanto na cidade?

O agronegócio, segundo os debatedores, já faz muito mais do que muitas vezes se reconhece. Mas a responsabilidade por cuidar do meio ambiente precisa ser compartilhada. A sociedade como um todo precisa perceber que preservar o planeta não é tarefa só do produtor rural — é de todos nós.

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