Força-tarefa combate incêndio na RPPN Eliezer Batista, um dos maiores na Serra do Amolar

26 SET 2020Por Beatricce Bruno15h10

Um incêndio de grandes proporções foi combatido e controlado pelos bombeiros de Mato Grosso do Sul e do Paraná, Ibama e de organizações não-governamentais na RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Eliezer Batista (Novos Dourados), durante a sexta-feira (25) e madrugada deste sábado (26), na região da Serra do Amolar, Pantanal de Corumbá.

Cerca de 30 homens enfrentaram as chamas durante 20 horas, ininterruptamente. O fogo se alastrou rapidamente devido a vegetação seca e a força do vento Sul em direção à morraria, formando rastros de destruição por mais de três quilômetros. As chamas se deslocaram para o outro lado do morro próximo à sede da reserva, em direção a um vale que se interliga à Serra do Amolar.

A ação que exigiu esforço físico extremo dos bombeiros, brigadistas e voluntários faz parte da Operação Pantanal II, uma força-tarefa criada pelo Governo do Mato Grosso do Sul para combater, controlar e monitorar os focos de calor que ressurgiram na região, situada ao Norte de Corumbá e próxima à divisa do Estado com Mato Grosso.

Pelo menos 55 homens estão atuando na área crítica, protegendo as comunidades ribeirinhas e controlando os focos. A maioria dos incêndios está ocorrendo próxima às margens dos rios Paraguai e Cuiabá, este no limite dos municípios de Poconé (MT) e Corumbá. À noite se tem a dimensão dos incêndios pelos clarões no céu estrelado do Pantanal.

O socorro a 45 km

O incêndio na RPPN Eliezer Batista, de 12,6 mil hectares, teria ocorrido no pé da morraria que margeia o Rio Paraguai, saiu em direção à sede da reserva e desviou com a mudança do vento de volta a morraria. O fogo mantinha-se ativo até a tarde desde sábado circundando os morros. Os bombeiros observaram muitos animais fugindo das chamas, dentre eles dois cervos.

O tenente bombeiro do Paraná, Pedro Faria, informou que a chegada do fogo na morraria dificultou os trabalhos, porém o enfrentamento direto e indireto (contrafogo) deu resultado com a formação de uma linha de defesa. Neste sábado, parte da equipe se manteve no local monitoramento a área queimada para impedir que fagulhas dessem reinício ao fogo.

A rápida ação para combater o incêndio na RPPN foi possível pela iniciativa da funcionária da reserva, Keli Monique Silva, que pediu socorro pelo rádio transmissor. Seu alerta foi captado pela lancha do Instituto Homem Pantaneiro (IHN), ong que administra a RPPN, numa distância de 45 km. A lanha se encontrava no Rio Cuiabá acompanhando uma guarnição do Corpo de Bombeiros.

Os bombeiros de MS e PR que estão na região desde terça-feira foram os primeiros a chegar a  reserva, depois dos brigadistas do Ibama que passavam pelo local no momento em que o fogo se propagava. Neste sábado, uma segunda equipe de bombeiros seguiu para a reserva, deslocando-se da RPPN Acurizal, onde montaram base, a uma distância de 45 km pelo rio. Uma viagem dificultada pela pouca visibilidade devido densa fumaça.

Apoio de helicóptero

O diretor de relações públicas do IHP, coronel Ângelo Rabelo, disse que ainda não é possível mensurar a destruição causada pelo fogo, bem como a dimensão da área afetada. No entanto, avaliou que, considerando ser uma região de extrema importância para a proteção da biodiversidade do bioma, os impactos são irreversíveis, especialmente para a abundante fauna que habita o Amolar.

“O esforço agora é impedir que o fogo atinja as reservas ao lado, da Penha e do Acurizal. Para isso estamos reforçando a equipe de combate com mais cinco brigadistas do Ibama”, informou.

Rabelo informou que um helicóptero do ICMbio chegará à região na segunda-feira (28) para auxiliar no combate aos incêndios, com a tarefa de transportar os bombeiros e brigadistas para as áreas de focos. O IHP providenciou o transporte pelo Rio Paraguai de um caminhão com 20 mil litros de gasolina até a Serra Negra, uma área ao lado da RPPN, para abastecer a aeronave.

Sílvio de Andrade, Subcom
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