Desde que a formalização da doação de órgãos passou a ser realizada em cartórios, em abril deste ano, 244 sul-mato-grossenses já manifestaram seu desejo de ser doadores. Deste total, 170 registros foram feitos em Campo Grande. O mês de outubro se destacou, com 70 novas formalizações em todo o estado, sendo 53 apenas na capital.
A doação de órgãos é um ato de solidariedade que pode salvar vidas, e a formalização pode ser feita em qualquer cartório de notas, por meio da Autorização Eletrônica de Doação de Órgãos (Aedo). Este documento expressa a vontade de doar os órgãos após a morte e fica registrado em uma base de dados acessada por profissionais de saúde. Assim, os médicos têm acesso à confirmação do desejo do falecido para comunicar à família após o óbito.
Segundo o Colégio Notarial do Brasil, Seção Mato Grosso do Sul (CNB/MS), a procura tem aumentado gradativamente, com o último mês apresentando os maiores números. Para o presidente da instituição, Elder Gomes Dutra, o crescimento é esperado e pode aumentar com a conscientização da população. “É um ato de generosidade e cidadania deixar a vontade escrita para orientar a família no processo de doação de órgãos”, afirma.
No entanto, Dutra ressalta a necessidade de desmistificar tabus em torno do tema, que ainda gera resistência na sociedade brasileira. “O assunto exige esclarecimento, conversas e uma maior elucidação para que mais pessoas se coloquem à disposição”, complementa.
Para realizar a Aedo, o interessado preenche um formulário no site da plataforma, que é enviado ao Cartório de Notas escolhido. Um tabelião agenda uma videoconferência para identificar o solicitante e coletar sua manifestação de vontade. O processo é totalmente digital e disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana.
O cidadão tem a liberdade de escolher quais órgãos deseja doar, como medula, intestino, rim, pulmão, fígado, córnea e coração. No Brasil, a fila de espera por transplantes é longa, com a maioria das pessoas aguardando doação de rins, seguida por fígados e corações. No ano passado, três mil pessoas faleceram na espera por um órgão, e atualmente, mais de 500 crianças estão na lista de espera.
O aumento no número de doadores em Mato Grosso do Sul representa um passo importante na conscientização sobre a importância da doação de órgãos, um gesto que pode transformar e salvar vidas.
O site da Aedo pode ser acessado aqui: AEDO