Maio Amarelo começa com tragédias no trânsito e expõe insegurança no trânsito em MS

Em menos de 72 horas, oito pessoas morreram nas estradas do Estado entre elas, um feto de sete meses; episódios reforçam urgência de ações concretas para além de campanhas educativas

09 MAI 2025Por Redação Jota FM10h26

Maio mal começou e o alerta da campanha Maio Amarelo já chegou tarde para oito pessoas que perderam a vida em acidentes de trânsito em Mato Grosso do Sul. As ocorrências, registradas entre os dias 5 e 7, incluíram mulheres, homens e até um bebê que ainda estava no ventre da mãe. Os casos chocam pela violência e pela frequência, mas, acima de tudo, escancaram problemas estruturais ignorados há anos.

Na segunda-feira (5), Campo Grande foi surpreendida com a morte de Alinne Cândida, de 25 anos. A jovem caiu da moto ao tentar acessar a Avenida dos Cafezais, no bairro Los Angeles, e foi atropelada por um ônibus. O motorista não percebeu o impacto — Alinne estava no chamado "ponto cego". A rua onde o acidente aconteceu estava coberta por areia levada do entorno sem asfalto, situação recorrente em bairros periféricos da capital.

Também na segunda-feira, em Maracaju, o empresário Márcio Luiz de Oliveira Couto, de 50 anos, morreu após ser atropelado de forma proposital. Ele havia acabado de sair da caminhonete quando foi atingido por outro carro. Antes de morrer, conseguiu dizer o nome do suspeito. O caso é tratado como crime passional, e o autor segue foragido.

No dia seguinte, terça-feira (6), mais uma tragédia foi registrada. Enivaldo Gomes Sobrinho, de 41 anos, morreu ao tentar cruzar a BR-376 entre Ivinhema e Deodápolis, para acessar um sítio onde prestaria serviço. Ele foi atingido por um carro e morreu antes mesmo da chegada do socorro.

A BR-376, aliás, é conhecida na região por sua periculosidade. Moradores de Ivinhema relatam que o trecho é mal sinalizado, com acostamentos precários e histórico de acidentes frequentes. Para quem depende da rodovia no dia a dia, os riscos são permanentes — e há anos os pedidos de melhorias não têm resposta.

Os casos recentes ampliam o debate proposto pelo Maio Amarelo, que neste ano volta a trazer o tema da segurança viária para o centro das discussões. Mas a campanha — que costuma apostar em frases de impacto e peças publicitárias — tem se mostrado insuficiente diante da falta de investimentos em infraestrutura e fiscalização.

Embora seja dever de todos os usuários do trânsito contribuir com atitudes responsáveis, a situação exige comprometimento das autoridades públicas. Prefeituras precisam melhorar a pavimentação urbana, o Governo do Estado deve garantir a manutenção das estradas regionais, e o Governo Federal precisa atuar com mais firmeza nas rodovias federais, promovendo sinalização, duplicações e policiamento ostensivo.

O gerente de Educação de Trânsito do Detran-MS, Matheus Lima, afirma que campanhas como o Maio Amarelo devem vir acompanhadas de ações concretas. “A conscientização é parte fundamental do processo, mas sem políticas públicas de manutenção das vias, fiscalização constante e planejamento urbano, continuaremos chorando perdas que poderiam ter sido evitadas”, afirmou.

Em 2024, Mato Grosso do Sul fechou o ano com mais de 500 mortes no trânsito, segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária. Em muitas dessas ocorrências, foram identificados fatores relacionados à infraestrutura precária.

O Maio Amarelo segue com eventos programados por todo o Estado, incluindo palestras, blitze educativas e mobilizações nas escolas. No entanto, sem mudanças efetivas, o alerta corre o risco de virar rotina — assim como as tragédias que ele tenta combater.

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