Influenciadora Virgínia Fonseca depôs ontem na CPI das BetsFoto: Lula Marques/Agência Brasil

Na última terça-feira (13), a influenciadora digital Virgínia Fonseca compareceu ao Senado Federal para prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets, que investiga irregularidades no setor de apostas online, incluindo o envolvimento de influenciadores na promoção dessas plataformas.

Com uma base de mais de 53 milhões de seguidores no Instagram, Virgínia foi interrogada pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que demonstrou firmeza ao questionar os contratos publicitários da influenciadora com casas de apostas. Virgínia afirmou que os valores recebidos foram devidamente declarados à Receita Federal e negou ter recebido lucros com as perdas dos apostadores, prática conhecida como “cachê da desgraça”.

Durante a oitiva, houve momentos de tensão. A influenciadora reagiu com irritação quando confrontada com um vídeo antigo em que dizia estar “viciada” em apostas. Ela solicitou que fosse considerado apenas material recente. Apesar do embate, ao final da sessão, ambas posaram juntas para uma foto, indicando uma possível trégua.

“Muitas famílias estão sendo destruídas”

Em seu discurso, a senadora Soraya fez um apelo direto à influenciadora. “Eu pedi, olhando nos olhos da Virgínia, que ela não fizesse mais esse tipo de divulgação. Essa propagação está acabando com famílias, com a vida de adolescentes e jovens. Muitos estão se perdendo, se endividando, entrando em desespero e até recorrendo a agiotas”.

Soraya também destacou o poder que influenciadores exercem sobre milhões de seguidores, especialmente os mais jovens. “Vocês têm responsabilidade social. O que promovem impacta vidas de verdade. Estamos falando de vício, de dívidas, de dor. Precisamos ser parte da solução, e não do problema”.

O risco por trás da tela

A CPI das Bets tem chamado a atenção para o avanço dos jogos de azar online no Brasil e o uso de celebridades para promovê-los. Especialistas alertam que a publicidade em torno dessas plataformas pode ser sedutora, mas extremamente perigosa, especialmente para adolescentes e pessoas em situação de vulnerabilidade.

Ao clicar em links de apostas divulgados por figuras públicas, o usuário pode estar contribuindo diretamente para o lucro dessas empresas e de seus promotores, ao mesmo tempo em que expõe sua saúde emocional e financeira a sérios riscos.

Um alerta às famílias

Diante desse cenário, é fundamental fazer um apelo às famílias: os pais precisam estar atentos ao que seus filhos estão consumindo no celular e na internet. Não faz mal nenhum monitorar os jogos que as crianças e adolescentes estão jogando, nem conversar com eles sobre os riscos que certos conteúdos podem trazer.

Acompanhar, orientar e estabelecer limites não é invasão — é cuidado. O vício em apostas, muitas vezes disfarçado de diversão, pode ser o início de uma série de problemas graves. Por isso, reforçamos: dialogue, observe e, principalmente, proteja. O futuro dos nossos jovens merece atenção agora.