Anvisa autoriza importação de 6 milhões de doses da vacina chinesa

Se não for aprovada futuramente pela Anvisa, vacina - que será importada por pressão do governo Dória - pode ter que ser destruída

24 OUT 2020Por Rede Jota FM, com informações Reuters09h58

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou nesta sexta-feira a importação de 6 milhões de doses da vacina para Covid-19 fabricada pela chinesa Sinovac, em atendimento a pedido feito em caráter excepcional pelo Instituto Butantan, informou o órgão regulador em comunicado.

A vacina desenvolvida pela Sinovac, que será produzida no Brasil pelo Butantan, encontra-se atualmente em estágio final de testes com milhares de voluntários, a maioria esmagadora, fora da China e não possui registro sanitário para aplicação no Brasil. As doses que tiveram a importação autorizada são prontas para uso, mas sua utilização ficará condicionada à obtenção de registro sanitário junto à Anvisa.

A carga ficará sob a custódia do Butantan até que possa ser utilizada e poderá eventualemente ser destruída, afirmou a Anvisa, caso a vacina não seja aprovada pela Anvisa, agência responsável pela emissão do registro sanitário de medicamentos e vacinas no país.

No pedido à agência, o Butantan alegou que a solicitação de excepcionalidade tem como justificativa antecipar a disponibilização da vacina à população, esperando que seja aprovada para aplicação, enquanto o instituto adequa suas instalações para internalizar a produção.

A Anvisa, no entanto, não autorizou até o momento a importação da matéria-prima necessária para a produção pelo Butantan, alegando que o instituto não detalhou o quantitativo do granel que pretende importar, informando que seriam “aproximadamente 40 milhões de doses... para envase nas dependências do instituto”.

Segundo a agência, foi enviada uma notificação a esse respeito ao Butantan, que ainda não foi respondida.

A vacina da Sinovac, conhecida como CoronaVac, virou motivo de disputa acirrada entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria, seu desafeto político, uma vez que o Butantan é ligado ao governo paulista.

Bolsonaro vetou nesta semana um acordo costurado por seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que previa a compra de 46 milhões de doses da vacina com o objetivo de integrar o Programa Nacional de Imunização, alegando que a vacina não transmite segurança “pela sua origem” e não tem credibilidade.

Depois da polêmica, o Butantan acusou a Anvisa de um suposto atraso para analisar pedido de importação de insumos da vacina chinesa, o que foi negado pelo órgão regulador.
 

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