“Estão abusando”, diz Bolsonaro sobre ação do STF

Presidente criticou ação da Polícia Federal por ordem do STF contra parlamentares da base aliada

17 JUN 2020Por Wander Ferreira10h03

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse nesta quarta-feira (17) que considera ter havido “abusos” por parte Supremo Tribunal Federal (STF) para quebrar o sigilo bancário de dez deputados e um senador aliado ao seu governo. De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, a declaração foi feita durante conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada

Ontem, terça-feira (16), o STF autorizou a quebra de sigilo dos 11 parlamentares no âmbito do inquérito das fake news. Alguns deles, como o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), foram alvos de ação da Polícia Federal (PF), autorizada pela corte.

Bolsonaro afirmou que está “fazendo o que deve ser feito” e “não será o primeiro a chutar o pau da barraca”. Em seguida, acrescentou que em breve tudo será colocado “no seu devido lugar”.

“Tem gente que nasceu 40 anos depois do que eu vivi e quer dizer como eu devo governar o Brasil. Estou fazendo exatamente o que tem que ser feito. Eu não vou ser o primeiro a chutar o pau da barraca. Eles estão abusando, isso está a olhos vistos. O ocorrido no dia de ontem, quebrar sigilo de parlamentar, não tem história vista numa democracia por mais frágil que seja. Está chegando a hora de colocar tudo em seu devido lugar”, disse, na saída do Palácio da Alvorada.

O presidente afirmou ainda que deve haver um consenso sobre o que é democracia. “Não devo nada a ninguém do que estou fazendo. Está chegando a hora de acertarmos o Brasil no rumo da prosperidade e todos entenderem o que é democracia. Democracia não é o que eu quero, nem você, nem o que um poder quer, o que outro poder quer. Está chegando a hora, fique tranquila”, declarou.

A declaração de “não será o primeiro a chutar o pau da barraca” foi a resposta a uma apoiadora que pediu uma reação às investigações no STF que apuram o financiamento de atos antidemocráticos e ataques a ministros da Corte. “Três amigos nossos foram presos ontem sem fazer nada, não temos um estilingue para se defender. Não pedimos intervenção”, disse a mulher ao presidente.

Em resposta, Bolsonaro disse que o “estilingue” é uma ação, mas não pensamentos e palavras. “Terrorismo não é o que alguns estão achando por aí. Terrorismo é meter carro-bomba em guarita do Exército”, disse.

Sem citar diretamente a quem se referia, o presidente tem manifestado nos últimos dias sua insatisfação com atos dos outros poderes por entender que estão tentando fragilizá-lo. Para ele, decisões do STF e ações do Congresso Nacional invadem competência do Executivo. Ele chegou a afirmar, há algumas semanas, que poderia não cumprir ordens judiciais.

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