Dominidroids e Hephaestus. Duas equipes que reúnem jovens dos ensinos fundamental e médio da Escola Paulo Freire de Campo Grande foram as vencedoras da etapa regional da First Lego League (FLL). Elas representarão Mato Grosso do Sul na disputa nacional, concorrendo a uma vaga no torneio internacional. Unindo criatividade e disciplina, as duas equipes desenvolveram projetos inovadores que chamam a atenção ao propor respostas simples para problemas complexos.
A cada ano, a First Lego League oferece um tema que deverá nortear as pesquisas e os projetos. “Animal Allies” (aliados animais) norteou os participantes deste ano. Assim, as equipes participantes criaram projetos voltados à fauna. Com o nome do deus grego dos ferreiros e dos escultores, a equipe Hephaestus garantiu o terceiro lugar na modalidade Champion Award da FLL com o projeto de combate à extinção da anta no Pantanal.
O projeto levou em consideração as pesquisas de Patrícia Mendes, conservacionista que tem trabalhado pela preservação das antas. Como explica Marco Antônio Menegati, aluno do segundo ano do Ensino Médio e líder da equipe, as antas vêm desaparecendo rapidamente, com uma redução anual de 1% da população total. “É um dado alarmante. Uma das principais causas são os atropelamentos”, explica.
Assim, o grupo desenvolveu um rádio colar dotado de uma fita reflexiva que visa diminuir o número de acidentes. Por meio de um transdutor, o colar seria capaz de ativar um dispositivo de estímulo de fuga a partir das ondas luminosas emitidas pelo farol dos carros. “Com a luz, o calor dispararia um som semelhante ao de um predador da anta. Isso faria com que ela dispersasse”, explica.
Para a competição, que ocorreu em meados de fevereiro em Curitiba, o grupo levou um banner e um colar luminoso. O objetivo agora, segundo o grupo, é melhorar o protótipo e levar algo mais próximo do que foi pensado para a primeira etapa. “Eles esperam que, na competição nacional, cada grupo dê um passo além do que apresentaram na etapa anterior”, explica Marco.
ZOOLÓGICO PARA CEGOS
A equipe Dominidroids trabalhou com o tema oferecido pela First Lego League de uma maneira diferente. “Criamos um zoológico voltado para deficientes visuais”, explica Felipe Daige, integrante da equipe que foi campeã na modalide Designer Mecânico e vice na modalidade mesa.
A proposta da Dominidroids oferece meios para lidar com dois problemas diferentes. Segundo os integrantes, o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (Cras) tem feito o papel de um zoológico, embora não seja capacitado para isso. “A ideia é que o centro reabilite os animais. Aqueles que não podem voltar à natureza, deveriam ser levados a uma instalação específica. No entanto, não existe um espaço assim em Campo Grande”, explica Felipe.
Com a criação do zoológico, haveria um espaço destinado a manter os animais. Mas além disso, a Dominidroids decidiu que seria uma boa ideia permitir que o espaço fosse inclusivo, abrindo espaço para quem não consegue enxergar. Assim, o projeto Blind Zoo foi criado, tendo como foco oferecer um espaço de acessibilidade em que pessoas cegas poderiam ter contato com os animais silvestres.
Por meio de estratégias como a utilização de piso tátil, pedestais com indicações em braile e equipamento auditivo que oferece audiodescrição, os deficientes visuais teriam oportunidade de “visualizar” os animais silvestres.
“Sabemos dos problemas enfrentados em diversos zoológicos mundo afora. Por isso, também estamos propondo que os animais tenham melhores condições no local”, explica Felipe. Para a próxima etapa da competição, a Dominidroids está desenvolvendo uma maquete do espaço.