Para conter coronavírus, lideranças indígenas fecham acesso às aldeias

23 MAR 2020Por Midiamax16h46

Ninguém entra e ninguém sai das aldeias de Dourados e municípios vizinhos. A decisão foi tomada pelos caciques e já está sendo adotada nesta segunda-feira (23) nas reservas de Dourados, Caarapó, Japorã e Tacuru,  como forma de evitar contaminações por conta da pandemia do coronavírus.

De acordo com informações os próprios indígenas estão fazendo bloqueios nas estradas de acesso às reservas, restringindo a entrada e também a saída. Nas aldeias de Dourados está proibida a entrada de vendedores ambulantes.

Além da restrição de acesso na reserva, as lideranças estão evitando reuniões sociais e religiosas. “Pedimos para cancelar todos os cultos nas igrejas para evitar aglomeração de pessoas e estamos conversando com os moradores para que todos tomem cuidado”, disse o cacique da Aldeia Bororó, Gaudêncio Benitez .

Além da medidas de restrição, as comunidades indígenas estão utilizando as redes sociais, com com transmissões em tempo real para orientar os moradores. “Nossa programação está totalmente voltada para a divulgação de informações e orientações sobre o coronavírus. Temos correspondentes na Jaguapiru e também na Bororó”, explica Gilberto Fernando Fernandes, da FM Indígena, que transmissão via facebook.

Além de Gilberto, outros voluntários estão envolvidos em diversos grupos de WhatsApp e também do Facebook. “Temos uma mídia interna que está levando notícia em tempo real para os moradores da nossas comunidades”, explica a enfermeira Indianara Ramires Machado, que mora na Aldeia Jaguapiru.

Segundo a enfermeira, “a demanda de atendimento é  grande” uma vez que envolve uma população que pode chegar a quase 20 mil indígenas só em Dourados”, considerando as aldeias e também as retomadas nas proximidades da reserva.

“Em termos normais nós já temos essa dificuldade e escassez de políticas públicas que realmente contemple a comunidade na segurança, no saneamento, na educação e na saúde. Diante de uma pandemia isso só gera mais preocupação ainda para nós moradores aqui da comunidade porque sabemos que em algumas casas a água não chega e quando chega é uma vez por semana ou em alguns períodos do dia”, explica Indianara.

Segundo ela , é muito difícil estar vivendo uma pandemia diante de uma situação em que a orientação básica é a lavagem de mãos. “Como é que as pessoas vão seguir esses procedimentos se elas nem têm água em casa. Mas de qualquer forma estamos repassando essas recomendações em nossas comunidades, apesar de algumas pessoas não terem condições financeiras para ter acesso a álcool gel e outros gêneros de higiene”, relata a enfermeira.

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