GENEBRA - O papa Francisco anuncia que estende a todos os padres o poder de perdoar o aborto, algo que apenas bispos poderiam realizar. Em uma carta apostólica divulgada nesta segunda-feira, 21, o pontífice informou sobre sua decisão, reforçando o caráter inclusivo de seu papado.
O perdão já havia sido autorizado a todos os padres durante o Ano da Misericórdia, que terminou no dia 20 de novembro. Mas, pela carta, Francisco deixa claro que tal direito vai permanecer como a nova realidade até o final de seu papado. De acordo com o texto, o poder de perdão fica agora "alargado no tempo, não obstante qualquer disposição em contrário".
Ele insiste que a doutrina não muda. "Quero reiterar com todas as minhas forças que o aborto é um grave pecado, porque põe fim a uma vida inocente; mas, com igual força, posso e devo afirmar que não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir, quando encontra um coração arrependido que pede para se reconciliar com o Pai", escreveu.
"Para que nenhum obstáculo exista entre o pedido de reconciliação e o perdão de Deus, concedo a partir de agora a todos os sacerdotes, em virtude do seu ministério, a faculdade de absolver a todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto", declarou. Segundo ele, a medida que ele tomou durante o Ano da Misericórdia agora está ampliada.
Pelas regras canônicas, o aborto significa uma excomunhão automática daquele que a realiza. Um perdão poderia vir apenas com uma confissão, ainda assim a determinadas pessoas.
Já em 2015, Francisco deixou claro que havia encontrado mulheres que sofriam com a decisão de realizar o aborto.
Em abril deste ano, em um documento de quase 300 páginas e resultado de três anos de consultas, o pontífice apontou para o entendimento da Igreja em relação à família. Ainda que mantenha a doutrina, seu texto abre as portas da Igreja e pede que párocos pelo mundo adotem uma postura de flexibilidade para não excluir pessoas da religião.
Em sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia (em português, A Alegria do Amor), ele também trata do aborto.
"Nenhum suposto direito ao seu próprio corpo pode justificar a decisão de acabar com a vida", indicou. Ele também não indicou qualquer abertura sobre tratamentos de fertilidade, apontando que a criação é algo que precisa ser "recebido como um presente". Em sua avaliação, casais devem adotar.