Agronegócio sairá na frente na recuperação pós-pandemia

Resultado da balança comercial de janeiro a maio é 18% superior ao mesmo período de 2019

10 JUN 2020Por Wander Ferreira09h44

 

O agronegócio brasileiro tem sido o alicerce da economia no enfrentamento da crise provocada pelo novo coronavírus (Covid-19). O setor produtivo não parou e traça números positivos para o pós-pandemia.

 

 

De acordo com a titular do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina Dias, o segmento é e continuará sendo o motor da economia do País.  

Os dados do desempenho do agronegócio de Mato Grosso do Sul acompanham a tendência nacional. O Estado registra colheita recorde na safra de soja 2019/2020, com 11,32 milhões de toneladas colhidas. Além disso, os resultados da balança comercial superam os números do ano passado. De acordo com a ministra, com dados consolidados, a tendência é de que o setor saia na frente da recuperação econômica no pós-pandemia.

“Se tem um setor que vai continuar o crescimento, continuar gerando emprego e trazendo renda para os estados e municípios brasileiros é o agronegócio. Até agora, apesar de todo esse novo normal que o Brasil vive com a pandemia, o agro continua produzindo. Já está com a sua safrinha plantada, continua abatendo com todos os problemas que temos enfrentado com os frigoríficos, com o problema da contaminação pela Covid-19, mas todos com abertura ao diálogo e preservando principalmente as pessoas, a segurança das pessoas que trabalham. Nós temos dado continuidade aos processos produtivos. Então, eu acho que o agro, que começa uma nova safra em setembro, tem tudo para continuar sendo motor da economia brasileira”, considerou a ministra Tereza Cristina.  

EXPORTAÇÕES

O resultado de janeiro a maio na balança comercial de Mato Grosso do Sul foi 18,13% superior ao mesmo período do ano passado. Dados da Carta da Conjuntura, divulgada nesta terça-feira (9) pela Semagro, apontam que, de janeiro a maio, o Estado registrou superavit de US$ 1,485 bilhão na balança comercial, contra US$ 1,257 bilhão em 2019. O resultado é a diferença entre as exportações, que alcançaram US$ 2,341 bilhões, e as importações, com US$ 856 milhões.  

O desempenho foi impulsionado pelos principais produtos enviados ao exterior, como a soja em grão, a celulose e a carne bovina e de aves.

A ministra reforça o desempenho do setor como crucial mesmo durante a pandemia. “Tivemos a colheita de uma supersafra, o abastecimento garantido da nossa população, as agroindústrias funcionando e as exportações acontecendo. Registramos recordes em cima de recordes nas exportações brasileiras de soja, açúcar, proteínas de suínos, aves e bovinos, enfim, o Brasil vem exportando como nunca, mostrando o potencial da sua agropecuária”, frisou Tereza Cristina.

PRINCIPAIS PRODUTOS

Com relação aos principais produtos exportados pelo Estado, a soja em grão ultrapassou a celulose, com aumento de 26% nos cinco primeiros meses, comparado ao mesmo período de 2019 e representando 34,65% da pauta estadual.  

A celulose registra queda de 15,6% nas exportações no quadrimestre, em razão da queda no preço internacional, mas segue como o segundo principal produto e representando 31,94% da pauta comercial.

As exportações de óleo e gorduras vegetais deram um salto de 96% nas vendas ao mercado externo, bem como o açúcar que aumentou em 293% as exportações. “O crescimento das vendas de grãos reflete a safra recorde de soja que tivemos no Estado e a maior exportação da carne de aves é decorrente da habilitação de novas plantas frigoríficas”, destacou o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck.  

A China segue como principal destino, representando 51% das vendas externas do Estado.

QUALIDADE

A pandemia trouxe um cenário mais preocupante em relação à origem dos produtos. Segundo a ministra, Mato Grosso do Sul se destaca porque a qualidade de sua produção de carnes, por exemplo, é reconhecida.

Tereza Cristina diz que os produtores já entendem que a certificação de diversos produtos é fundamental para as exportações. “Precisamos aproveitar esse novo momento que o mundo vai viver, com essa exigência da qualidade e, assim, os produtores que querem trabalhar com essa qualidade podem estar na frente, sair na frente do que o mundo precisa. Temos um espaço enorme para sermos os grandes provedores de alimentos do mundo”.

O superintendente da Semagro, Rogério Beretta, adiantou ao Correio do Estado que, a partir deste novo momento, não basta apenas o carimbo de inspeção em um produto da agroindústria. “A gente começa a falar do termo saúde única. Não existe mais saúde da população e saúde dos animais, porque muitas doenças que estão afetando a população, como no caso do coronavírus, são oriundas de problemas sanitários com os animais. Então essa certificação, que já era algo buscado pelo setor, passa a ser mecanismo de rastreabilidade para segurança alimentar”, analisou.

Levantamento do IBGE aponta que Mato Grosso do Sul é o 5° maior produtor de grãos do País, com 8% da produção nacional. A estimativa para a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas será recorde, com 19,6 milhões de toneladas, 3,1% superior a 2019. 

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