Advogada Dra Marcela Rasslan fala da igualdade de gênero e violência contra a mulher

Em entrevista ao Jornal Ronda da Cidade, na Rádio Pindorama Jota FM 100.7, Dra Marcela falou do fato de as mulheres serem maioria na população, mas ainda não ocupar espaços estratégicos e de liderança

13 MAR 2025Por Redação Sidrolândia08h17

Nesta entrevista exclusiva, conversamos com a renomada advogada Dra. Marcela Rasslan. A Dra. Marcela abordou temas urgentes, como a desigualdade de gênero e a violência contra a mulher, que continuam a ser desafios significativos na sociedade brasileira, mesmo com avanços legislativos recentes.

* Desigualdade de Gênero: Um Problema Estrutural

A Dra. Marcela destacou que a desigualdade de gênero permeia todos os aspectos da vida, desde o ambiente escolar até o local de trabalho e o âmbito familiar. "Essa desigualdade, infelizmente, culmina em violência, seja psicológica, física ou, nos casos mais extremos, no feminicídio", explicou. Apesar dos debates e das leis criadas para proteger as mulheres, a luta por igualdade e respeito ainda está longe de terminar.

Ela ressaltou que, embora as mulheres sejam maioria em termos populacionais, ainda são tratadas como minoria devido à falta de relevância social e respeito. "As leis de proteção existem justamente porque a mulher ainda não é vista como igual. Isso não é 'mimimi', é um direito básico de igualdade e respeito", afirmou.

* Avanços Legislativos e Desafios Persistentes

A Dra. Marcela citou a *Lei de Igualdade Salarial*, instituída em 2023, como um marco importante na luta pela equidade de gênero. A lei garante que homens e mulheres recebam salários iguais ao exercerem a mesma função e exige transparência das empresas, que agora são fiscalizadas pelo Ministério do Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho. "Essa lei não só normatiza a igualdade salarial, mas também fomenta a ascensão das mulheres a cargos de liderança", explicou.

No entanto, a advogada alertou que a desigualdade no mercado de trabalho é apenas um reflexo de uma problemática maior, que começa na família e se estende para toda a sociedade. "A desigualdade no trabalho, a falta de oportunidades de progressão na carreira e a disparidade salarial são formas de violência que, infelizmente, podem levar a consequências mais graves, como o feminicídio", disse.

* Feminicídio: Um Problema Alarmante

A Dra. Marcela apresentou dados alarmantes sobre a violência contra a mulher no Brasil. Em 2024, foram registrados *1.387 casos de feminicídio*, segundo o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública. "Esses números mostram que a luta pela igualdade de gênero e pelo fim da violência contra a mulher não é desnecessária, como alguns insistem em afirmar", destacou.

Ela também mencionou o “painel de monitoramento da violência contra a mulher” do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que registrou quase 600 ocorrências em apenas 10 dias de março de 2025. "Esses casos incluem violência psicológica, física, patrimonial, sexual e moral, todas cobertas pela Lei Maria da Penha", explicou. A advogada enfatizou a importância das medidas protetivas, como o afastamento do agressor do lar e a retirada de porte de arma, mas lembrou que essas medidas só são aplicadas se a vítima registrar a ocorrência.

* Mato Grosso do Sul: Um Estado em Alerta

O estado de Mato Grosso do Sul é o segundo no ranking de feminicídios no Brasil, perdendo apenas para o Mato Grosso. Em 2024, foram registrados *35 casos de feminicídio* no estado, com uma taxa de 1,27 assassinatos a cada 100 mil habitantes. "É um número absurdo, especialmente considerando que ainda estamos no início de 2025", lamentou a Dra. Marcela.

Ela destacou que o governo do estado está tomando medidas para enfrentar o problema, como a criação de um grupo de trabalho para agilizar a análise de mais de seis mil boletins de ocorrência que aguardam abertura de inquérito. Além disso, a Polícia Militar está sendo treinada para oferecer atendimento humanizado e garantir a efetividade das medidas protetivas.

* Denúncias e Ações Coletivas

A Dra. Marcela também ressaltou a importância das denúncias, que podem ser feitas não apenas pelas vítimas, mas também por terceiros. "Após o registro, a ação é conduzida pelo Ministério Público, o que garante que a vítima não precise enfrentar sozinha o processo de denúncia", explicou. Ela ainda lembrou que, desde 2020, as medidas protetivas podem ser solicitadas online, o que facilita o acesso das mulheres à justiça, especialmente em situações de isolamento, como durante a pandemia.

* Educação e Mudança Cultural

A advogada enfatizou que, além das medidas legais, é essencial promover uma mudança cultural. "Precisamos educar nossos filhos, especialmente os meninos, para que cresçam com respeito à igualdade de gênero e ao próximo", disse. Ela lembrou que a maioria dos agressores são pessoas próximas às vítimas, como companheiros, ex-companheiros ou familiares. "A violência contra a mulher não é cometida por estranhos, mas por aqueles que deveriam protegê-las", alertou.

* Conclusão: A Luta Continua

A Dra. Marcela Rasslan finalizou a entrevista com um apelo à sociedade: "Nós não queremos estar aqui discutindo esses temas, mas é necessário. Os números mostram que a violência contra a mulher só aumenta, mesmo com leis mais duras. Precisamos de ações concretas, campanhas de conscientização e, acima de tudo, respeito. Não queremos mais fazer parte desse ranking triste e vergonhoso."

A luta pela igualdade de gênero e pelo fim da violência contra a mulher continua, e vozes como a da Dra. Marcela Rasslan são essenciais para manter o debate vivo e promover mudanças reais na sociedade.

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