Integrantes de diversos movimentos sociais bloquearam na manhã desta segunda-feira (28) a BR-060, em Sidrolândia, em um ato em defesa da reforma agrária e em protesto contra a forma como foi conduzido o despejo de famílias sem-terra em Dourados. A manifestação, que começou às 4h da manhã, reuniu cerca de 600 famílias na rodovia e outras 200 na ocupação da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) em Campo Grande.
Segundo Douglas Cavalheiro, membro da organização do protesto, a mobilização é resultado da união de vários movimentos agrários do Mato Grosso do Sul, como MST, UGT, MCRLA, Ligas Camponesas, FETAR, CTB, OLT e FETAG. "Nossa pauta é a reforma agrária. Estamos há mais de 16 anos às margens das rodovias e seguimos sem ser atendidos, apesar de inúmeras reuniões com o INCRA, o MDA e a CONAB", afirmou Cavalheiro.
O bloqueio na BR-060 é parte das ações do "Abril Vermelho", mês marcado historicamente por mobilizações do campo em todo o país. O protesto, embora tenha causado congestionamentos, foi realizado de forma pacífica. Ambulâncias, veículos com medicamentos e cidadãos com consultas médicas foram autorizados a passar pelo bloqueio.
Os manifestantes também protestam contra o despejo ocorrido no último domingo (27) em Dourados, que, segundo Cavalheiro, atingiu cerca de 300 famílias do MST. Ele relatou que a ação foi feita de forma violenta, sem ordem judicial adequada. "O pessoal da tropa de choque chegou soltando bombas, atirando, expulsando idosos, mulheres e crianças. É uma área improdutiva há mais de 12 anos, pertencente à JBS, e que estava sendo utilizada para produção pelos trabalhadores", criticou.
Cavalheiro ainda destacou o sentimento de traição em relação ao atual governador, que, segundo ele, contou com o apoio dos movimentos sociais na eleição, mas agora adota uma postura de repressão. "Agora recebemos o troco com despejo e violência. Quando o governador precisou dos nossos votos, nós fomos lá e votamos", lamentou.
A ocupação do INCRA e a manifestação na BR-060 devem continuar até que haja uma resposta concreta das autoridades nacionais. "Só vamos sair daqui se formos atendidos pelo INCRA Nacional, pelo MDA e pela CONAB", afirmou Cavalheiro.
Até o momento, nem o governo estadual, nem o INCRA ou o MDA se pronunciaram oficialmente sobre as reivindicações.