Impasse judicial pelo corpo da indígina Tatiane: agente de saúde detalha o período que acompanhou

A moça faleceu e por disputa de esputamento não aconteceu o velório

01 NOV 2021Por Wander Ferreira15h26

 A agente comunitária M T F B, foi a entrevistada do Ronda da Cidade, na manhã desta segunda-feira 01, em que detalhou o período em que acompanhou a indígena Tatiane Silva Manuel de 24 anos que após período de pouco mais de um ano de tratamento, acabou falecendo na UTI Hospital Universitário e Dourados, na última quinta-feira 28.

_Eu fui agente de saúde da Tatiane desde agosto de 2020, quando a conheci sob a responsabilidade de uma família acolhedora. Ela veio acompanhada pelo Creas e Cras que acompanhou o caso. 

O que eu sei dizer o momento que acompanhei, anteriormente não sei o que se passou com a Tatiane. Sendo que foi internada com quadro grande de desnutrição, desidratação, além de ser portadora de uma deficiência. Não conseguiu chegar ao um diagnóstico.

Acompanhava ela nas consultas e fisioterapia, sempre nas segundas, quartas e sextas (interrompidas as sessões por conta da Pandemia), e buscava os medicamentos de uso controlado, clonazepam, ketra e valpróico . Tatiane não tinha pressão alta e diabetes. 

Tatiane também foi direcionada para tratamento dentário e recebeu as doses da vacina de combate à Covid-19 e gripe. 

No mês de novembro do ano passado retornou a consulta com  uma neurologista do HU, que encaminhou para outras especialidades, pois tinha tremores, e dependendo da situação, ocasionava convulsões, por exemplo ao medo de cair, sendo involuntários os tremores, quando passa da maca para cama, com perda de controle.

Mesmo diante da situação tinha o sorriso lindo, com registro de fotos que ficaram como lembranças.

Vários exames forma feitos,  dos quais o cefalograma, para o  retorno com a médica Neurofisiologista, marcado na última segunda-feira 25, e na hora de busca-la estava muita magra, perda repentina de peso. 

Na consulta no HU foi encaminhada para ser internada para descobrir a repentina perda de peso. Os envolvidos no acompanhamento da paciente foram comunicados de cada procedimento hospitalar, a família mantenedora, o médico do PSF, Assistência Social, Creas e Cras, que passaram a mensagem aos familiares biológicos na aldeia. 

Tatiane aos cuidados médicos do HU precisou ser transferida na  UTI pelo quadro ser grave, não resistindo por uma parada cardiorrespiratória, na quinta-feira por volta das 15h.

A família na aldeia pela manhã foi avisada de toda situação que estava internada no hospital de Dourados, quando estava respirando.

No dia seguinte ao participar do velório que aconteceria das 8h às 10h acontecia um impasse da liderança da Aldeia Tey Kuê, familiares biológicos da Tatiane e a justiça que indeferiu a solicitação do translado do corpo para os atos fúnebres na aldeia, e acabou sendo sepultada no cemitério de Caarapó, no horário das 11h sem haver o velório, pois foi decidido que o desejo do local ficasse sob o desejo da família acolhedora, que decidiu o sepultamento local.  

Encerrou o seu testemunho em que falou a reportagem que foi procurada sendo  ação de um  trabalho conjunto, incluindo a saúde Creas, Cras, Assistencia Social e Polo Indígina com todo apoio inicial; além da fámilia acolhedora que demostrou todo carinho em todo momento a Tatiane. 

Conforme testemunhas a mãe não fez mais que duas visitas durante esse período.  


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O capitão da aldeia Tey Kuê juntamente dos familiares da indígena Tatiane da Silva Manuel de 24 anos, que acabou falecendo na última quinta-feira 28, e sepultada por volta das 11h de sexta-feira 29, no cemitério de Caarapó, estiveram no Fórum reivindicando o corpo para o translado na aldeia, e direito de realizar o funeral conforme a tradição guarani caiuá.

Em contato com Assistência Social de Caarapó, a jovem estava com a tutela de uma família cuidadora, e o enterro foi em cumprimento a ordem judicial, que estava previsto para às 10h de sexta, acontecendo às 11h  na espera do parecer da justiça que indeferiu  a solicitação familiar, precisando de imediato proceder ação, diante dos estágios de decomposição do corpo. Na aldeia sendo  constatado a jovem vivia em  precariedade de cuidados devido as suas enfermidades. Um familiar (irmão) comentou que Tatiane era epilética e sofria de outros males. 


Conforme a família a jovem fazia mais de um ano que foi retirada do meio dos familiares com a proposta de cuidados médicos, com alegação pela equipe do Creas de apenas 10 dias e retornaria, e não aconteceu até  a notícia do óbito, que acabou sendo transmitida a família através de terceiros pela rede social, que deixou os familiares perplexos  desorientados, que já de imediato  foram ao município para o conhecimento dos fatos.

Orientados ir ao Fórum pois a decisão   por lá que saiu, que confirmado do impedimento do ato fúnebre.

O capitão da aldeia Jorginho, disse que há uma tradição da etnia em sepultar  os entes da tribo na mesma região que nasceu, e reivindica o corpo, pois teme com situações semelhantes, haver a negativa da justiça, e buscará outras alternativas, mesmo na esfera judicial, pois há outras pessoas que na mesma situação que estão sob a tutela do Estado, e  vier acontecer outros em falecer fora da aldeia teme por procedimento igual pela justiça. 

``Devemos a todo custo prezar pela nossa cultura e o que reivindicamos à justiça o nosso direito de chorar os nossos mortos ao nosso modo``, finalizou.

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