A geada que atingiu grande parte de Mato Grosso do Sul nesta quarta-feira (19) fez produtores perderem hortaliças e legumes em várias cidades do estado. Segundo Cristiano Chaves, gerente da divisão de mercado da Ceasa (Central de Abastecimento), os preços desses itens tendem a subir pelo menos de 5% a 10%.
“Esse acréscimo pode chegar a bem mais dependendo do estrago no campo. Temos relatos de congelamento da produção nos principais municípios, entre eles Sidrolândia, Jaraguari, Terenos e Eldorado, mas somente na sexta vamos saber com certeza, quando os vendedores renovam seus estoques”, explica.
Segundo ele, os produtos que estão sendo vendidos atualmente na Ceasa chegaram ao local na terça, tendo sido colhidos antes do frio. Os vendedores escoam os estoques durante a semana e por isso ainda não variaram os preços.
Idelvan da Silva Paiva, 36 anos, encontrou as hortas de rúcula, berinjela, abobrinha, pepino japonês e pimentão congeladas ao acordar na manhã desta quarta em Jaraguari. Ele perdeu cerca de um hectare de produtos.
“Estava tudo branco. Em nossa região infelizmente estamos sujeitos a enfrentar esse tipo de fenômeno todos os anos. Agora é passar o trator e plantar tudo de novo, o mais rápido possível”, afirma o produtor rural.
Ele diz que o aumento nos preços principalmente dos legumes e folhosas é praticamente inevitável. “Com certeza vai aumentar porque vai faltar no mercado. Conheço outros produtores que também perderam bastante”.
Idelvan conta que todos os anos durante o inverno acontecem episódios de geada na região. A deste ano foi uma das mais intensas, segundo ele, “embora não tenha chegado a ser uma das piores”.
Depois de semeados, os vegetais demoram cerca de três meses para estarem no ponto de serem colhidos. Para ter produtos à disposição sempre, ele tem várias hortas do mesmo legume, cada uma semeada em uma semana diferente. Porém, agora ele terá que recomeçar o ciclo, já que tudo foi perdido com o gelo.
Alternativa - No distrito de Vila Formosa, em Dourados, o produtor Armando Scheer Lemannski acordou de madrugada, ontem e hoje, para molhar as folhosas e evitar perdas com a geada.
“Deixei o sistema de irrigação preparado e acordei de madrugada nesses dois dias. Até peguei uma gripe”, disse ele ao Campo Grande News.
Em dois hectares e meio na Agrovila Formosa, Armando planta alface, couve, salsinha, cebolinha, berinjela, brócolis, acelga e mamão.
“Se não molhar, a geada poderia comprometer uma produção que vamos vender por três meses”, afirmou.
Mesmo gripado, pensa em acordar de madrugada amanhã também, para molhar a produção e evitar que o gelo queime as plantas. A previsão indica mínima de 5°C nesta quinta-feira em Dourados.
Gelo – Pelo menos 15 cidades de Mato Grosso do Sul tiveram geada nesta quarta-feira (19). A madrugada de hoje foi a segunda mais fria deste ano no Estado, com temperatura negativa e sensação térmica chegando a -16°C, de acordo com o meteorologista Natálio Abrãao da universidade Uniderp.
Bela Vista, a 322 quilômetros de Campo Grande e na fronteira com o Paraguai, registrou -2,2°C durante a madrugada com sensação térmica de -16°. Por lá teve geada forte nesta manhã, que assustou moradores como a dona de casa Elisângela Aparecida Coelho que acordou hoje e viu a grama de casa coberta por gelo
Em Rio Brilhante teve -1,7°C com sensação térmica de -11°C e geada forte. Amambai, também na fronteira com o Paraguai, teve zero grau assim como Jardim. Em ambas houve geada forte na madrugada.
Também teve geada forte em Água Clara, onde a sensação térmica chegou a -5°C, em Juti, em Maracaju e em São Gabriel do Oeste. A geada foi moderada em Dourados, Itaquiraí e Sete Quedas.
Além dessas, segundo o meteorologista geou em Coxim, Miranda e Ponta Porã. Em Campo Grande não houve geada, mas a temperatura continua baixa.