Produção e sustentabilidade devem andar juntas", diz Renato Câmara no V Seminário Estadual da Água

Evento promovido pela ALEMS reúne especialistas e lança livro sobre gestão de águas subterrâneas, além de discutir o Projeto Carbono Neutro e a segurança hídrica na agropecuária.

18 MAR 2024Por Heloíse Gimenes 12h42

Proposto pelo deputado estadual Renato Câmara (MDB), o V Seminário Estadual da Água está sendo realizado nesta segunda-feira (18-03) pela Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), em alusão à Semana Estadual da Água, instituída pela Lei Estadual 4.878 de 2016, de autoria também do deputado Renato Câmara (MDB).

O Seminário Estadual que acontece no Plenário Deputado Júlio Maia, “é estratégico para o nosso Estado. Todos desenvolvimentos, agrícola, de produção e humano passam pela disponibilidade de água. Ter esse recurso em qualidade e quantidade suficiente é a discussão que nós temos feito aqui na Assembleia. Temos um mar de água doce embaixo dos nossos pés [águas subterrâneas] e que precisa ser controlado, para que não seja contaminado”, destacou Câmara, presidente da Frente Parlamentar de Recursos Hídricos.

Ao frisar a questão da sustentabilidade, Renato considerou um desafio manter o desenvolvimento de Mato Grosso do Sul, um dos estados que mais se desenvolve no Brasil, com o melhor aproveitamento da água. “Por isso, este evento tem grande importância como fórum de discussões. Consideramos que a produção e a sustentabilidade precisam caminhar juntas em prol das gerações futuras. Além disso, é a oportunidade que temos para avaliarmos as ações do que foi ou não foi implantado, saindo do campo das ideias. Neste contexto também destacamos a participação dos acadêmicos que poderão “beber desta água” e pesquisar com assuntos locais, dentro de nosso próprio quintal, sobre a premente necessidade de proteção e valorização dos recursos hídricos”.

O parlamentar reiterou a fundamental importância de cada um dos idealizadores e das entidades parceiras que garantiram a realização do Seminário, dentre eles, a UEMS, o Rotary Club de Campo Grande e o Governo do Estado através da Semadesc e do Imasul. “No final, após as palestras técnicas, que juntos possamos concluir esta jornada coletiva apontando caminhos futuros”, sinalizou Renato Câmara, vice-presidente da Assembleia Legislativa de MS.  

Durante o evento, foi lançado um livro sobre as águas subterrâneas

Durante o evento, foi lançado o livro “Gestão de Águas Subterrâneas: Princípios, Diretrizes e Aplicações - Um olhar sobre Mato Grosso do Sul”. A coletânea é assinada por Giancarlo Lastoria, José Carlos de Oliveira, Juliana Casadei, Maria Teresa Casadei, Sandra Garcia Gabas e Tamiris Azoia de Souza.

“O livro traz a necessidade de ter uma rede de monitoramento das reservas subterrâneas. Sedes municipais e distritos são abastecidos por água subterrânea, totalmente ou complementarmente. O mau uso pode vir a causar problema, tanto no que diz respeito à quantidade quanto à qualidade. E uma das formas principais, de controle até a prevenção, é o monitoramento. E, em nosso Estado, há uma necessidade de melhorar o que hoje está sendo feito”, destacou Giancarlo Lastoria.

A geóloga Sandra Gabas acrescentou que a gestão sustentável das águas subterrâneas é essencial para enfrentar os desafios que são colocados e garantir a disponibilidade e a qualidade em longo prazo desses recursos, que inclui práticas de conservação, monitoramento adequado, regulação eficaz e uso responsável.

Carbono neutro

O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Elias Verruck, fez uma apresentação do Projeto Carbono Neutro. “Em 2017, Mato Grosso do Sul tomou a decisão de chegar ao final de 2030 como território reconhecido internacionalmente como Carbono Neutro. Nós temos as atividades que são geradores de carbono e outras que permitem a captura, então buscamos esse equilíbrio. Fizemos um inventário nas atividades econômicas do Estado em termos de emissões. Existem questões que interferem, como o aquecimento global e o impacto da migração populacional. Por isso, é importante o Brasil mostrar ao mundo que somos parte significativa da solução. O país usa somente 9% da sua área para produção, portanto, temos condições de aumentar a produção sem necessariamente aumentar o desmatamento”, disse.

Segundo o secretário, Mato Grosso do Sul tem realizado ações de recuperação e conservação de água. “Através do reflorestamento e da preservação, avançamos na questão do combustível renovável. Estamos fechando o Plano Estadual e paralelamente, o de transição energética. Vamos poder aumentar a participação do combustível produzido através do resíduo animal, etanol e outros. Mato Grosso do Sul busca a integração lavoura, pecuária e floresta. Temos a primeira carne carbono neutro do mundo e logo teremos a soja de baixo carbono. Somos o primeiro Estado do Brasil que obriga as empresas na renovação de licença na implantação do seu empreendimento, a apresentar balança de carbono. Temos leis e políticas públicas adequadas para que Mato Grosso se torne um Estado sustentável, verde e próspero”, falou Verruck.

AgropecuáriaO pesquisador  expôs sobre a segurança hídrica na agropecuária

O pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Danilton Luiz Flumignan, expôs sobre a segurança hídrica na agropecuária. Segundo ele, é preciso desmistificar o conceito de que as atividades agricultura e pecuárias contaminam as águas. “A Agência Nacional de águas fez um estudo recente e, dentre as conclusões, ficou constatado que Mato Grosso do Sul, comparado a outros Estados da Federação, tem uma situação bastante confortável em termos de segurança hídrica. Somos um Estado muito abundante e fazemos pouco uso da água que temos”, citou.

As frustrações de safras recorrentes por falta de chuvas, conforme Danilton, poderiam ser evitadas com o manejo de irrigação. “Podemos produzir mais utilizando menos água. Através da agricultura irrigada eficiente, praticada de forma sustentável, podemos aumentar a produção de soja e de milho cerca de 30% a 40%, se comparado à tradicional agricultura, e usando 50% menos água do que seria utilizado na metodologia tradicional”, salientou.

O pesquisador explicou que a irrigação exerce papel fundamental no agronegócio e permite o incremento na produtividade, no uso do solo durante todo o ano, na maior oferta de produtos agrícolas com regularidade ao longo do ano, a redução da sazonalidade de produção e maior garantia de colheita.

Os professores Fábio Kummrow e Bruno do Amaral Crispim abordaram sobre a universalização do acesso à água tratada e toxicologia nos rios de Aquidauana. E a professora Alexeia Barufatti fez um panorama da qualidade da água dos rios Dourados.

Nesta 5ª edição, o Seminário Estadual tem como tema “Os desafios da gestão sustentável das bacias do Paraná e do Paraguai”. O evento acontece até às 17h e pode ser acompanhado pelas mídias sociais oficiais no Facebook, Instagram, Twitter e Youtube e no Portal da ALEMS.

Também pode ser conferido pela TV Assembleia MS nos canais 7.2 (sinal aberto) e no canal 9 da Claro NET TV, e ainda no link TV ALEMS. E ainda pela Rádio ALEMS na FM 105.5 ou pelo link Rádio ALEMS. 

Confira a programação da tarde:

13h30 - Abertura dos trabalhos.

13h40 - Mesa redonda sobre as contribuições dos Seminários Estaduais da Água para o desenvolvimento sustentável do Estado.

- “Os Seminários Estaduais da Água: uma construção conjunta”. Ana Luzia Abrão, mestre em Saneamento Ambiental e Recursos Hídricos pela UFMS e presidente do Rotary Club de Campo Grande.

- “Lei do Pantanal. Pagamento por Serviços Ambientais - PSA/MS”. Arthur Leite Falcette, secretário-executivo do Meio Ambiente.

- “Plano Estadual de Manejo e Conservação de Solo e Agua”. Ismael Meurer, doutor em Agronomia e coordenador-adjunto da Câmara Técnica dos Rios Cênicos.

- "Regularização dos usos de recursos hídricos no Estado de Mato Grosso do Sul”. Leonardo Sampaio Costa, gerente de Recursos Hídricos do Imasul e mestre em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos.

16h00 – Mesa de debates e considerações finais

16h30 - Encerramento.

 

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