Uma família para a Jenifer

O processo de adoção é gratuito e deve ser iniciado na Vara de Infância e Juventude mais próxima da casa do pretendente.

22 FEV 2024Por David Marques chimenes12h40

Quem sabe você, que está lendo esta matéria, pode ser a pessoa que vai mudar a vida da Jenifer. E a sua também.

Mas primeiro é preciso apresentar essa mocinha que nasceu em Campo Grande, foi acometida pela paralisia cerebral e está com 12 anos. Quem convive, diz que com ela não tem reclamação. É alegre, gosta de fazer amizades, tem facilidade em expressar sentimentos e já escolheu uma música preferida que diz assim: o maior pintor do mundo está pintando a minha história, da canção “Pintor do Mundo” do Pastor Lucas.

 

Poesia inspiradora como a campanha que começa aqui e merece acabar bem. “A adoção é um ato de amor, não é um ato de caridade. A Jenifer é uma menina muito especial, tem muito amor para oferecer e está à procura de uma família, que pode ser formada por pai e mãe, dois pais, duas mães ou por pai ou mãe solo. O requisito fundamental mesmo é que o pretendente também esteja buscando a construção de um laço familiar”, explica a juíza Camila Neves Porciúncula.

 

A realidade é que, apesar de haver oito vezes mais pretendentes habilitados para adoção do que crianças cadastradas no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), a maioria delas ainda não tem um lar. Isso se deve a fatores como a preferência dos pretendentes por bebês e crianças até os 7 anos. Por outro lado, a maior parte das crianças e adolescentes disponíveis para adoção tem mais de oito anos, possuem alguma comorbidade ou é formada por grupos de irmãos. 

 

Assim sendo, essas pessoas que hoje se encontram no cadastro nacional, e até mesmo internacional, não preenchem o perfil para adoção da Jenifer. “No entanto, tal fato não é impeditivo para que ela não seja adotada, bastando que os interessados em sua condição especial se inscrevam no cadastro ou as que já estão inscritas revejam o perfil buscado”, orienta a promotora de Justiça de Ribas do Rio Pardo, Ana Rachel Borges de Figueiredo Nina que acredita na força dessa mobilização.

 

A campanha da justiça estadual para encontrar uma família para a Jenifer da Silva coincide com o esgotamento cadastral abordado e a implantação do Programa de Busca Ativa "Nasce uma Família", que foi estabelecido pelo Provimento-CSM nº 582, de 28 de junho de 2022, por meio da utilização do sistema informatizado "Aproximando Vidas" que tem a missão de estimular, coordenar e facilitar esse encontro. 

 

Por isso, na página https://aproximandovidas.tjms.jus.br/publico/login.xhtml, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, por meio da Coordenadoria da Infância e da Juventude, disponibiliza um registro detalhado dos "aptos à adoção" no SNA. Esse documento está acessível a todos, mesmo àqueles que ainda não estejam habilitados para adotar. A Jenifer é uma das crianças que faz parte do projeto e lá você também pode saber mais sobre ela e até conhecer o seu rostinho. 

 

Hoje ela está acolhida por um abrigo em Ribas do Rio Pardo gerido por Edina Jülg, outra entusiasta da campanha, para que a menina encontre seu novo lar. “Jenifer tem gastrostomia. A alimentação, hidratação e medicação necessárias são administradas via sonda. A dieta é comprada pronta”, participa Jülg que complementa essa rotina com a dica de que a garota gosta muito de passear, ainda mais ao entardecer.

 

Agora, quem pode adotar? 

 

A idade mínima para se habilitar à adoção é 18 anos, independentemente do estado civil, desde que seja respeitada a diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida. Mas lembre-se que primeiramente é necessário que o postulante tenha amadurecido o projeto, de forma segura e responsável.

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